A Verdade de cada um …

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Afora as evidências históricas sobre determinados temas e instituições, penso que devemos respeitar as pessoas em suas crenças, bem como, o quanto nos seja possível, no que se refere aos seus costumes e estágios culturais, sem tentar desfazer, subestimar, ironizar ou desprezar alguém por gostar daquilo que não gostamos ou acreditar naquilo em que não acreditamos.
Algumas pessoas, ostentando títulos universitários, consideram-se donas absolutas da verdade, mesmo que essa verdade não lhes pertença e seja apenas a verdade de outrem, autor, cientista ou filósofo que admiram, sem levar em conta que estes também a tenham tomado por empréstimo.
E então, armadas com estas verdades alheias, passam a atacar aquelas pessoas que pensam de modo diferente de seus princípios ou convicções.
Já faz alguns anos, viajando de ônibus de Quaraí para Livramento, vinha ao lado de um veterano cidadão, alegre, jovial e aparentemente de bem com a vida..
A bem de conversa, ele começou a me contar sua vida, e de como viera morar no interior do município de Quaraí.
Disse-me ele que sempre fora ateu, e que só acreditava naquilo que via ou que pudesse provar pela vivência ou experiência pessoal.
Mas a partir de determinado momento a vida resolveu lhe fazer um teste:
Sem entrar em maiores detalhes, disse que de repente, devido a maus negócios, perdeu tudo o que tinha e sua jovem esposa o abandonou para ir embora com outro.
Então sentiu que o mundo havia desabado sobre ele e adoeceu seriamente, descobrindo afinal, que era portador de uma doença grave, considerada incurável.
Sem parentes nem amigos, estava recolhido a um leito hospitalar pelo SUS, quando um dia, ao amanhecer, olhando pela janela do hospital viu um passarinho.
Como a janela estava aberta, o passarinho voou para dentro do quarto e pousou em cima de sua cama. Então ele sorriu e o passarinho se aproximou por cima da colcha branca até chegar bem perto do seu rosto, olhando-o atentamente como se quisesse dizer alguma coisa. Isto durou apenas alguns instantes e o passarinho saiu voando de novo pela janela.
E embora não acreditasse em nada, considerou aquilo como um sinal de alguma coisa.
Na tarde daquele mesmo dia foi visitado por um casal que lhe perguntou se podiam ler para ele uma passagem do evangelho.
Como não tinha nada a perder, disse que sim, e então ouviu atentamente aquele salmo que começa dizendo: “O Senhor é meu Pastor e nada me faltará …”
Em seguida, antes de se retirarem, deram-lhe um folheto com o endereço de sua igreja.
No dia seguinte o médico foi visitá-lo. Como não tinha ninguém responsável por si, o médico lhe disse que era obrigado a lhe comunicar diretamente que o seu caso era grave e que só lhe restavam algumas semanas de vida, e que podia optar por ficar hospitalizado ou ir morrer em casa.
Comunicando ao médico que não tinha para onde ir, este, que também era o administrador do hospital, lhe disse:
– Se o amigo não tem onde ir, o que posso fazer é lhe dar alta e lhe franquear um quarto vago deste hospital, onde também poderá fazer suas refeições.
Agradecendo a atenção e a bondade do médico, aceitou a proposta e se instalou num quarto na ala vaga do hospital. Como agora podia sair e voltar livremente, naquele mesmo dia resolveu procurar a igreja cujo endereço estava no folheto.
Lá chegando, apresentou-se e relatou seu caso, dizendo que estava arruinado, com uma doença incurável e morando de favor no hospital.
— O senhor fez muito bem em nos procurar.
— Pois é. O problema é que eu sou ateu e até me envergonho de ter vindo aqui.
– O senhor é bem vindo em nossa igreja e não tem por que se envergonhar. A partir do momento em que o nosso casal de obreiros leu aquela mensagem para você, Deus começou a operar em sua vida.
E assim se passaram os dias e o nosso amigo continuou frequentando o culto daquela igreja.
Sentindo-se já bem melhor e sem as dores que o incomodavam, foi falar com o médico. Este o examinou e lhe disse:
– Meu amigo, tenho uma boa notícia para lhe dar. Por incrível que pareça, vejo que os sintomas de sua doença desapareceram espontaneamente. Mas vou lhe pedir alguns exames.
Feitos os exames, o médico o cumprimentou e anunciou o resultado:
– Fico feliz em lhe dizer que o senhor está curado. Mas pode continuar morando aqui o tempo que quiser. O senhor passa a ser o nosso hóspede de honra por ser o exemplo vivo de um milagre de saúde.
Para encurtar a história deste cidadão, que me foi contada entre Quaraí e Livramento, ele me disse:
— Hoje, aos 68 anos, sou uma pessoa realizada e grato a Deus. Atualmente não posso dizer que seja um homem rico, mas o dia que o amigo quiser me visitar, será bem recebido. Possuo um pequeno estabelecimento rural e algumas cabeças de gado aqui no município de Quaraí, onde vivo com a minha nova companheira, uma jovem de 27 anos que é o grande tesouro da minha vida.
Este cidadão, alcançando-me o seu cartão, desceu numa parada onde o esperava uma camioneta com uma bela mulher e uma criança.
E assim fiquei conhecendo a história e o testemunho de um homem feliz, que afinal estava de bem com Deus e com a vida, segundo este preceito filosófico: Conhecereis a verdade e ela vos libertará.

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