Disputas religiosas

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O fanatismo é a antítese da racionalidade e ao longo da História apareceram repetidas vezes as ações de fanáticos religiosos. O fanatismo religioso vem de tempos imemoriais. A nossa lembrança percorre apenas os últimos dois mil anos, quando foi deflagrada a intransigência do Império Romano contra os cristãos.

No momento em que estes últimos ascenderam entre os romanos a partir do ano 315 quando o imperador Constantino liberou a prática do cristianismo em todo o seu Império, a raiva e o ódio passaram a serem elementos triviais contra quem não aderisse à nova religião ocidental.

No século sete de nossa era surgiu o islamismo. O seu fundador Maomé, que dizia ter sido inspirado pelo arcanjo Gabriel, inicialmente foi perseguido em sua terra e quando as mensagens que pregava se consolidaram, passou a usar da força para convencer os vizinhos a aderir à nova religião.

Já no século 12 e seguinte as Cruzadas cristãs pretenderam combater os muçulmanos que dominavam a região da cidade sagrada de Jerusalém, no entanto algumas nem chegaram lá e pelo caminho cometeram os mais variados crimes como extorsão e rapina de tudo que pudessem se apropriar.

Se as Cruzadas não foram suficientes para que o ódio religioso fosse destilado pela Humanidade a chamada Inquisição do Santo Ofício, instituída por determinação do Papa Gregório IX em 1231, era um tribunal que tinha por objetivo investigar pessoas que fossem suspeitas de heresias, ou seja, praticasse ações contrárias aos ensinamentos da Igreja Romana.

A Inquisição da Idade Média renasceu e teve um impulso significativo a partir de 1478 na Espanha, tendo o apoio dos monarcas que queriam combater e expulsar do território espanhol os árabes e judeus que habitavam a região da Andaluzia.

O fanatismo inquisitório se espalhou para Portugal e de lá também alcançou o Brasil em 1591. Na América Espanhola o rei Felipe 2º da Espanha criou tribunais da Inquisição nas cidades do México e em Lima, no Peru, no ano de 1569.

Depois da Reforma luterana de 1517 veio o Concílio de Trento de 1545 da Igreja Católica com o firme propósito de combater de todas as formas o movimento protestante criado pela Reforma de Lutero. O fanatismo tomou conta de cada lado, chegando à fatídica noite de 24 de agosto de 1572, na França, conhecida como “Noite de São Bartolomeu”, na qual os católicos perseguiram e mataram mais de 20 mil protestantes que também eram cristãos.

A perseguição de uns contra outros em decorrência dos comportamentos religiosos nunca esmoreceu. Sempre surgia alguma razão para incentivar o aniquilamento de algum grupo por outro. No século passado a luta incessante entre protestantes e católicos na Irlanda do Norte pôs em crise a própria existência do Estado, pois os protestantes, além de defender os seus princípios queriam a manutenção do país junto ao Reino Unido da Grã Bretanha, enquanto que os católicos pretendiam se unir à República da Irlanda. Muita gente morreu pelos desacordos religiosos.

Agora, na primeira quinzena deste século 21, o denominado Estado Islâmico, que afirma pretender o cumprimento literal e ortodoxo dos ensinamentos de Maomé pauta as suas ações por lutas fraticidas e de terrorismo em qualquer parte deste planeta sem que se tenha uma razão plenamente definida para tanta violência.

Ademais, eles também atacam e matam muçulmanos que não estariam devidamente afinados com os pensamentos deles, como aconteceu neste último ano no Egito quando mais de três centenas de praticantes da mesma religião (islamismo) foram mortos em uma mesquita na região do Sinai.

Todas estas fases pelas quais a Humanidade passou só podem ser creditadas ao fanatismo religioso que alguns quiseram impor a outros. É bom lembrar que as religiões predominantes e conflituosas do Ocidente são as três monoteístas, cristianismo, islamismo e judaísmo, chamadas de religiões abraâmicas, isto é, elas atribuem a sua origem ao mesmo patriarca Abraão.

Francamente, diante destes quadros parece que fica a indagação, qual é mesmo a finalidade das religiões?

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