A tragédia da indiferença

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No início se protestava com mais correção e eficácia. As pessoas se indignavam, saíam às ruas e embora manifestassem ruidosamente a sua inconformidade contra o descaso, os crimes contra as pessoas, a flora, a fauna e o meio ambiente, a desonestidade e a roubalheira no meio político e administrativo, não usavam essas manifestações para roubar nem depredar o patrimônio público ou privado como acontece agora.
Quando a velha imprensa abria a boca, as autoridades eram pressionadas, instituíam-se comissões, investigavam-se as denúncias, instauravam-se processos, alguns eram punidos e outros absolvidos.
Aí começaram na TV os programas de humor satirizando o crime e a corrupção e em vez de as pessoas se indignarem, passaram a achar graça.
Pois era exatamente o que os malandros estavam esperando. Que nada fosse levado a sério. Que tudo fosse encarado na base da chacota, da brincadeira e da gozação.
Hoje, os políticos que têm vergonha na cara e as autoridades sérias deste país, que ainda denunciam ou se insurgem contra a impunidade e a corrupção, são ridicularizados pela parte alienada ou não comprometida da sociedade.
Eu me lembro da venerável figura já idosa de Luis Carlos Prestes, apesar das controvérsias sobre a sua pessoa, um dos militares de maior fibra e valor deste país, quando com seus mais de noventa anos de idade, subido em cima de um barril, num caís de porto do Rio de Janeiro, denunciava a canalhice e a impunidade.
Mas hoje, em certos ambientes ou grupos, as conversas giram quase exclusivamente em torno de banalidades …
É o que se quer …

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