Questões atuais e o exército

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Lembro que em 24 de maio deste ano o presidente Temer autorizou as Forças Armadas a exercer o poder de polícia para proteger os prédios públicos de Brasília enquanto durassem as arruaças que haviam quebrado portas e vidraças dos prédios dos ministérios na Capital Federal. Foi o suficiente para que dentro e fora do Congresso espinafrassem o presidente que estaria agindo ao arrepio da lei ao pôr o Exército na rua.

Também em 28 de julho do corrente ano o governo estadual do Rio de Janeiro pediu o apoio das tropas federais para tentar coibir a violência, mortes e quebradeiras na Cidade Maravilhosa e o presidente da República atendeu.

Pronto. Não tardou para que os politicamente corretos baixassem a ripa no presidente Temer, porque havia autorizado a intervenção das Forças Armadas, mesmo que pontual e temporariamente em áreas que passavam por crises de segurança e de violência concreta com homicídios e atentados aos bens públicos e particulares.

No dia 19 de setembro de 2017, logo após a guerra de quadrilhas do tráfico de drogas no morro da Rocinha, os canais de TV entrevistaram moradores da região e alguns que são rotulados como “intelectuais”. A maioria das opiniões divulgadas eram críticas ao governo federal que não havia disposto as Forças Armadas para tentar conter a bandidagem.

Afinal, a presidência da República deve ou não autorizar a intervenção militar para combater essa espécie de criminalidade urbana?

Outro tema que também envolve os militares foi a palestra que o general Antônio Hamilton Mourão proferiu em uma loja maçônica de Brasília no dia 15 de setembro de 2017.

A certa altura de seus comentários ele afirmou que haveria uma indisposição nas Forças Armadas em não ver a pronta e imediata solução punitiva do Judiciário para esses casos de corrupção, permitindo que os envolvidos continuem a se manifestar e ditando regras políticas.

Por outro lado, o general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército Brasileiro, tem reiterado a todo o momento que as Forças Armadas se pautam pelo que está escrito no Art. 142, da Constituição e somente agirá dentro daqueles limites, com isto deseja apagar qualquer suspeita sobre o que pensam os militares.

Acredito que o comandante do Exército expressa o comportamento da maioria dos Oficiais do Estado Maior das FFAA, todavia me julgo no direito de suspeitar que, se nas próximas eleições presidenciais for eleito algum denunciado ou condenado judicialmente, aqueles Oficiais poderiam não se dispor a prestar continência ao eleito, gesto que demonstra respeito e obediência ao superior. Com certeza, para evitar um constrangimento pessoal nenhum deles aceitaria cargos de comando o que geraria uma crise institucional.

Não se pode deixar de admitir esta hipótese mesmo que seja inusitada. Nada proíbe aos militares, se estiverem insatisfeitos, deixarem de aceitar a nomeação para cargos de confiança. Penso que esta atitude é um legítimo direito que assiste a qualquer servidor público e com isto não estará gerando uma desobediência hierárquica e nem quebrando a ordem democrática.

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