Santos=Dumont para sempre

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Os americanos do Norte festejaram efusivamente no dia 20 de julho de 1969 a chegada da nave Apolo XI e do astronauta Neil Armstrong à Lua, culminando com a vitória na corrida espacial, encetada pelos Estados Unidos contra a antiga União Soviética. Se a potência comunista havia enviado ao espaço os primeiros satélites artificiais de nosso planeta no ano de 1957, inclusive tendo enviado a cadelinha Laika a bordo do segundo satélite Sputnik, com certeza o feito de 1969 tinha por objetivo demonstrar que os Estados Unidos detinham o poder econômico e tecnológico para investir na exploração espacial e, por consequência, obter resultados mais significativos do que alguns passeios orbitais dos astronautas soviéticos.

É certo que a corrida espacial contribuiu para o desenvolvimento do espírito criativo do Homem, propiciou o aparecimento de novas tecnologias para o uso em todos os ramos da atividade humana, mas a meu sentir, este feito está muito longe de representar o acontecimento mais importante do século 20.

O século que passou foi marcante, como também o foram os séculos 15 e 16 com as suas descobertas e invenções, que servem até hoje de suporte para o nosso convívio diário. Albert Einstein e tantos outros cientistas, pesquisadores e inventores marcaram os últimos 100 anos, todavia não posso imaginar o nosso tempo sem que o brasileiro Alberto Santos=Dumont (1873-1932) houvesse construído o primeiro objeto mais pesado do que ar a voar por impulso próprio.

O mineiro Santos=Dumont, que nasceu também num dia 20 de julho e que assinava o seu nome com o sinal de igualdade entre o Santos de origem portuguesa pelo lado materno e Dumont pela descendência francesa do pai, revolucionou a todos os quadrantes da terra ao construir o avião, criando as condições para que o homem pudesse voar na atmosfera terrestre para depois poder pensar em sair dela.

Estudando na França desde 1892, Santos=Dumont se interessou pela aeronáutica, tendo iniciado a construção de balões dirigíveis com os quais pretendia ganhar o Prêmio Deutsch. Este prêmio, instituído por um magnata do petróleo, seria concedido a quem fosse capaz de voar a partir de determinado ponto, contornar a Torre Eiffel e retornar ao ponto de origem.

Pilotando o Dirigível nº 6 em 19 de outubro de 1901 Santos=Dumont completou o percurso em menos de 30 minutos, fazendo jus ao prêmio e à fama. Ele não ficou aí. Empenhou-se na construção de uma aeronave que, movida com um motor a explosão, fosse capaz de voar. Isto aconteceu em 23 de outubro de 1906 e depois repetido em 12 de novembro daquele ano com o14 Bis.

A partir da experiência, ele construiu o Demoiselle que serviu de modelo para outros construtores de todo o mundo, pois Santos=Dumont não patenteou o seu invento; entendia que aquele invento deveria pertencer à Humanidade e não apenas a seu inventor.

O 20 de julho é uma data histórica e que merece ser recordada, permanecendo em nossa memória muito mais pelo nascimento de Alberto Santos=Dumont do que por Neil Armstrong, Edwin Aldrin, e Michael Collins que foram à Lua em 1969.

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