A profecia utópica de Luis Carlos Prestes e a figura do reacionário

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Segundo a teoria marxista, o capital e a burguesia deveriam gerar um filho chamado proletariado, que se multiplicaria, e depois se voltaria contra os seus pais, tomando-lhes o poder.

Através dos tempos tivemos no mundo algumas experiências em que de fato isso aconteceu, antes e depois de Marx.

Um dos primeiros golpes dessa natureza, nos conta Maquiavel em seu livro O Príncipe, foi o de um sujeito de origem humilde, chamado Agátocles, futuro rei de Siracusa, que depois de entrar para as milícias como soldado raso, fazer carreira e se tornar comandante, acabou reunindo os maiorais da cidade numa praça pública, matando-os, de surpresa, com o seu exército, e se tornando o soberano do lugar.

Por outro lado, Dom Pedro I, Miguel Hidalgo y Costilla, Agustín de Iturbide, José Gaspar Rodrigues Francia, José Gervásio Artigas, Juan Antonio Lavalleja, Antonio Valero de Bernabé, Augusto César Sandino, Bernardo O’Higgins, José Francisco de San Martin e Simon Bolívar, como líderes oriundos de diferentes origens e classes, mas em sua maioria aristocratas, foram alguns dos que, em diferentes épocas, fizeram a sua parte, libertando ou tentando tornar independentes de seus colonizadores ou intrusos vários países da América, sem que estes países, necessariamente, se transformassem em repúblicas socialistas.

Na metade do século passado, Fidel Castro e Che Guevara, um advogado cubano e um médico argentino respectivamente, ambos oriundos da classe média alta, foram os únicos líderes revolucionários socialistas a implantar aqui na América um regime desta natureza ao invadirem a ilha de Cuba em 1959 e tomarem o poder que estava em mãos do imperialismo e do seu último ditador Fulgêncio Batista.

O grande problema é que alguns destes líderes revolucionários, como o próprio Fidel, para proteger o seu regime, tiveram que se transformar também em ditadores e acabaram, por excesso de zelo, oprimindo de algum modo o povo que libertaram.

Porém, confirmando a teoria de Marx, o mundo caminha para uma condição global e talvez anárquica de domínio por parte do proletariado, cuja população universal é predominante, queiram ou não os defensores do reinado eterno do capital em sua forma mais despótica e opressora.

A propósito disso, o ex-militar e líder socialista brasileiro Luis Carlos Prestes, aos 90 anos de idade, ao ser homenageado num programa da TV Manchete, foi indagado sobre o futuro dos regimes de direita e esquerda, e respondeu que não acreditava mais em luta armada entre estas ideologias, porém que a humanidade caminhava para uma mudança natural na qual o povo do planeta, de um modo geral, seria o coveiro do capital, para dar lugar a um socialismo pacífico e fraterno, sem chefes.

Entretanto, em meio a tais circunstâncias, vamos encontrar, aqui e acolá, a figura do reacionário, o qual, preocupado em preservar unicamente o seu ‘lugar ao sol’, resolve de modo contumaz se insurgir contra essa natural perspectiva de mudança.

Para o reacionário, os pobres e os proletários serão eternamente buchas de canhão, lenha de fogueira ou, pelo menos, deveriam servir de combustível para aquecer as caldeiras do inferno, embora reconheça que sem eles, como peças de trabalho, a máquina do capital não funcionaria.

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