Porque gostam de ditadores?

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Minha memória não é boa, mas lembro de que foi com o regresso ao país de Luis Carlos Prestes (1898-1990) no ano de 1960 que o Partidão (PCB) voltou a ser incrementado, sendo imediata a repercussão das idéias marxistas no meio estudantil e com plena euforia nos congressos da UNE.

Também naquela época a palavra de Prestes já não era uma unanimidade, pois o secretário-geral do PCB era stalinista, enquanto que uma parcela de comunistas brasileiros preferia a orientação chinesa de Mao e, por decorrência, a do ditador da Albânia Enver Hoxha (1908-1985) que também era maoísta. Na época era comum identificar-se entre os jovens a tendência albanesa, daí surgindo o PCdoB.

Vale mencionar que Luis Carlos Prestes, depois de seu retorno ao país e após o golpe de 64 não defendia a luta armada, tendo a sua posição entrado em choque com o PCdoB e Carlos Marighella, que, a partir de 1971 foi o mentor dos vários movimentos armados que se espalharam pelo território nacional, a fim de combater a ditadura militar.

É evidente que tanto Prestes quanto Marighella e seus seguidores não pensavam no retorno ao estado democrático de direito. Lutavam contra a ditadura militar, porém com o objetivo de impor uma ditadura marxista-leninista.

Por muitos anos a juventude brasileira endeusou os ditadores Josef Stálin (1878-1953), Mao e Hoxha como grandes construtores de suas pátrias até que a Humanidade descobriu que eles não passavam de criminosos e genocidas. Nikita Khruchev (1894-1971), sucessor de Stálin, revelou no Congresso do Partido Comunista Soviético de 1956 os crimes e a verdadeira face de seu antecessor.

O mesmo ocorreu com Mao Tse Tung (1893-1976). O seu sucessor Deng Xiaoping tornou público quando assumiu o governo da China que o seu antecessor foi o autor intelectual dos expurgos políticos que resultaram na morte entre 50 e 70 milhões de pessoas no período de 1949-1975. Quanto a Hoxha, após a sua destituição e morte foi que o povo albanês descobriu que o Paraíso poderia existir.

Nem falo dos irmãos Castro e seus filhotes latino-americanos que tanta atenção e alvoroço causam até hoje em alguns setores da sociedade. Agora mesmo os pronunciamentos de alguns líderes políticos brasileiros, especialmente do PT e PCdoB, são deploráveis dando apoio aos atos ditatoriais de Nicolás Maduro presidente da Venezuela, quando mais de 40 países condenaram vigorosamente a eleição de uma Assembleia Constituinte e sua posse em detrimento de um Parlamento em atividade que foi eleito legalmente.

Afinal, eu não consigo entender o que esses ditadores contribuem para o progresso da Humanidade. LI em texto da historiadora Anita Leocádia Prestes, filha de Prestes, o seguinte: “O socialismo não acabou. Enquanto houver o capitalismo, a teoria marxista continua basicamente válida”.

Até concordaria com ela se, porventura, alguma vez ou em algum país no mundo, o sistema socialista tivesse vigorado juntamente com o regime democrático, todavia a teoria marxista só vingou mediante a imposição através de uma ditadura.

Como pode o socialismo ser ideal se precisa ser imposto por meio de um sistema autoritário e discricionário?

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