Até o último centavo …

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Houve um tempo em que as instituições eram quase inteiramente controladas pelo governo central.

Assim foi na época imperial, nos governos republicanos dos estados e União , até a época de Getúlio Vargas, onde no início do seu governo o próprio Getúlio e meia dúzia de ministros e secretários conduziam o país decentemente e sem maiores dificuldades.

Mas a máquina política estatal cresceu e se diversificou de tal modo que não paramos mais de contar pessoas em cargos de confiança, funções de chefia ou subchefia de secretarias, subsecretarias e gabinetes. Como seria bom se o nosso país fosse suficientemente rico, bem administrado e sem ladrões, como para dar emprego e sustentar todo esse funcionalismo sem prejuízo dos demais setores , como saúde e educação, e seus trabalhadores.

A verdade é que hoje, com 12 milhões de desempregados, além de sustentarmos uma classe parlamentar em grande parte comprometida com o desvio de verbas públicas, arcamos com o altíssimo custo político desse inchaço permanente da máquina pública que a cada eleição é substituída e gera milhares de desempregados.

E quando na condição de trabalhadores precisamos reivindicar na justiça alguma coisa, acabamos sendo prejudicados.

Em 1994 entramos na justiça eu milhares de colegas funcionários do BB solicitando ao governo federal a devolução de arrecadações indevidas do imposto de renda, e durante 20 anos de batalha judicial conseguimos ganhar nos tribunais de Brasília sentenças favoráveis em todas as instâncias. Em 2006, a União Federal, que já não podia interpor nenhum recurso, foi condenada a devolver o montante corrigido do imposto de renda arrecadado indevidamente ao funcionalismo do BB e aguardávamos o cumprimento favorável da sentença finalmente exarada pelo STF, quando algo inesperado aconteceu. A União, através de seus peritos contadores e advogados, discordou dos cálculos de correção monetária e o processo acabou retornando à primeira instância, ou seja à Primeira Vara de Brasília, recomeçando tudo de novo, numa nova odisséia processual que se estendeu por mais dez anos.

Isso legalmente não poderia ter acontecido, mas aconteceu. Como? Não sei.

A verdade é que, finalmente, em novembro de 2016, depois de 22 anos de tramitação judicial através da ANABB, inclusive com substituição de advogados, quando o valor inicial da causa, que no meu caso correspondia a 1.028,00 reais, já deveria estar com juros e correção monetária em mais de 20.000,00, acabei recebendo a quantia de 8 (oito) mil reais e uns quebrados.

Coisas desse tipo só ocorrem num país em que a falta de probidade política, institucional e administrativa atinge tamanhas proporções que se não podem nos ganhar pelo direito, nos ganham no tempo, no braço, no subterfúgio e no cansaço.

Mas quando somos nós os devedores da União, em pouco tempo são capazes de nos arrancar até o último centavo.

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